Caros amigos e amigas.
Há poucos dias, na cidade de Sumpaulo, um menino de 11 anos telefonou para o 190 da Brigada Militar a fim de denunciar a própria mãe que o tinha abandonado e trancado em "casa", juntamente com mais dois irmãos, um de dois anos e menina de apenas 5 meses. O motivo da queixa: faltava leite para dar para a menina de 5 meses.
Para vocês, meus amigos e amigas, este fato, apesar de chocante, não deve ser novidade alguma, não é? Afinal, isto, infelizmente, é muito comum na nossa sociedade. Porém, o preocupante é que não temos as estatísticas sobre as denúncias que "não são feitas" pelas vítimas dos pais que abandonam os seus filhos, que, certamente, deve ser um número astronômico.
Logo, os jornalistas caíram de pau em cima do "caso" e logo julgaram e condenaram os pais, os quais, segundo os jornalistas, são pessoas do "andar de baixo" da sociedade. Concordo que o abandono seja investigado e, em caso de culpa, sejam punidos os responsáveis. Porém, nas análises feitas pelos jornalistas pude sentir o "preconceito" contra os pobres, chegando ao cúmulo de dizer que estes nem deveriam ter filhos.
Pois é, meus amigos e amigas, aqui neste ponto que entram as minhas considerações.
A maioria da nossa população desconhece que existem "dois tipos" de abandono - um, que é o abandono puro e simples, em que os pais, independente dos motivos, se ausentam do lar e deixam os seus filhos a mercê da própria sorte.
Porém, tem um outro tipo de "abandono", que ninguém comenta e muito menos condena - são os abandonos dos filhos praticados pelos pais (?) da turma do "andar de cima" - as famílias das classes média e alta.
Todos consideram "normal" contratar uma babá para substituir a mãe, bem como deixar uma criança numa creche/escolinha durante oito a nove horas por dia. Isto, entende a maioria, não é abandono dos filhos. Porém, eu entendo que isto é sim um "abandono dos filhos", porque assim como ocorre no caso dos "pobres", os filhos, de todas as classes sociais, cujos pais se ausentam ou se omitem ou transferem a "obrigação" de cuidar deles, cometem o "mesmo" crime de abandono, tais como: abandono da verdadeira educação, abandono do amor, abandono do afeto, abandono da proteção, abandono da amizade, abando do "exemplo" e outros abandonos, mas que, futura e certamente, irão ter consequências negativas nas vidas de todas as crianças abandonadas.
Portanto, creio que devemos deixar de ser hipócritas e cínicos ao criticar e condenar apenas os "abandonos" cometidos pelos pobres, pois o abandono cometido pelos economicamente favorecidos é tão grave quanto. Lamentavelmente, na nossa cínica sociedade, ainda existem os abandonos "socialmente aceitos", por isso não é considerado "crime de abandono" quando este CRIME é cometido pela turma do "andar de cima".
Renato de la Rocha
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