|
Gilson Caroni Filho Professor |
Vamos aos fatos? O que está ocorrendo agora não pode ser debitado exclusivamente na conta da imprensa partidarizada. Todos os que pediram um combate efetivo a ela foram desautorizados por lideranças petistas, incluindo o ex-presidente Lula e a presidente Dilma. A distribuição de verbas publicitárias continuou farta e generosa para as famílias Frias, Marinho, Mesquita, Saad e Civita. Só recentemente a Veja deixou de publicar anúncios governamentais.
Desde que chegou ao governo, o PT aceitou a filiação de quadros egressos de outros partidos. Isso é normal em agremiações de massa que desejam aumentar sua capilaridade em estados e municípios. Mas há um limite para tudo. A Direção Nacional sabia muito bem quem era o senador Delcídio Amaral, seu passado no PSDB e seu histórico de desmandos. Portanto, façam-me um favor: não falem em traição ou quebra de confiança.
Em 2014, o atual governo se elegeu com uma agenda e está governando com a do seu adversário. O ajuste fiscal segue à risca o receituário tucano e penaliza exclusivamente a classe trabalhadora.
Desde então, o lucro líquido do setor financeiro foi o mais elevado do mundo e o rendimento médio dos assalariados está em queda vertiginosa. A vida nunca foi tão rósea para grandes corporações, operadoras de plano de saúde e empreiteiras.
Vivemos uma recessão que põe em risco as políticas inclusivas adotadas nos últimos doze anos. E isso não é ficção fabricada pela imprensa.
Outro ponto merece um comentário. Sem dúvida, sempre houve corrupção em um país que nunca chegou a ser plenamente republicano. Somos ainda uma formação patrimonialista. Muitos argumentam que se o PSDB tivesse vencido as últimas eleições as coisas estariam bem piores. Têm razão, e ainda haveria um agravante: a imprensa blindaria tudo. Mas é esse o nosso parâmetro para avaliar a conjuntura? Até quando vamos encarar uma crise política ancorados na crença sebastianista do retorno de Lula? Desculpe o desabafo. Mas quem o escreve não costuma dar palpites ocasionais. Estive ativamente no partido desde a construção dos núcleos de base. A partir de 2003, publiquei diversos artigos no Jornal do Brasil, Carta Maior, Caros Amigos, Correio Braziliense e em diversos sites. Em todos combati uma oposição retrógada e uma esquerda descompromissada. Não tenho, há um bom tempo, qualquer vínculo partidário e não pretendo mais voltar a tê-lo. Lutei muito por um partido melhor. Não posso me contentar que tenha se transformado no “menos pior”. O que mais me deixa enraivecido é a indignação seletiva. Infelizmente, ela não é mais prerrogativa da direita. Não volto mais a escrever sobre política em redes sociais. E bloquearei os que escreverem comentários insultuosos. Estou com a paciência no limite.