Chaves: Um Menor Abandonado
O seriado mexicano "Chaves", bastante popular e conhecido no Brasil tem como objetivo principal o humor, entretanto, quando analisamos mais a fundo seus episódios, existe uma séria crítica social. O próprio ambiente retrata um cortiço pobre em plena capital mexicana, nos anos 70, período de repreensão política naquele país (e também no Brasil).
Dentro daquele cortiço (que poderia simbolizar o próprio país, México, ou sem dúvida o Brasil e demais países latino-americanos) existe uma gritante diferença de classes.
Dona Florinda, seria a classe média, que mesmo sendo pobre se julga rica e é a que mais humilha as classes inferiores economicamente a ela, os chamando de "gentalha", simboliza plenamente a direita raivosa e injusta, pois sempre pune com seus pré-julgamentos. O sonho dela de sumir do cortiço, talvez, é perfeitamente representada com a classe média que sonha em ir embora aos Estados Unidos.
O capitalista, rentista, Sr. Barriga, lucra com aluguéis de vários imóveis e mesmo assim diz "só ter pra comer".
Professor Girafales representa o político. Sempre com um discurso politicamente correto, mas não hesita em esbanjar hipocrisia. Em um certo episódio, os personagens Dona Florinda, Quico e Professor Girafales discutem a fome e pobreza na sociedade, comendo esganadamente biscoitos. Dizem "fome ser algo absurdo" e "ninguém olha para o próximo" ou ainda, "falta amor", enquanto, o pobre miserável Chaves, está bem próximo, na frente deles, tentando comer talvez, ao menos, alguma migalha que é devorada rapidamente por Quico no final.
México e Brasil são países bem semelhantes quando se trata de desigualdades. E mesmo com o passar dos anos, será ainda não podemos nos identificar plenamente nesse seriado? Acredito, por isso, fez e faz tanto sucesso no Brasil e em todos os países pobres da América Latina.
Gregório Anaconi (Pelo Facebook)
Opinião dO Cachete:
Gostei!!