Recebo e repasso carta de uma consumidora lesada pela concessionária América Ford, do Recife. As redes sociais têm se demonstrado uma excelente arma de cidadania, inclusive frente aos absurdos cometidos por algumas empresas (
uma denúncia contra a Brastemp teve quase 600 mil espectadores no Youtube, veja aqui) que estão aprendendo na marra o que é respeitar o consumidor. Por isso, peço a tod@s que repassem (via email, twitter, orkut, facebook, etc) a queixa de Bruna.
Carta (desabafo) de Bruna Tiné
Caros amigos, colegas, e pessoas que juntam dinheiro suado para adquirir um carro: esse email é longo, porém vai na tentativa de convencer o maior número de pessoas a, na hora de escolher a concessionária para comprar seu carro, não ir na América Ford.
Venho aqui contar a minha história que se iniciou como qualquer pessoa jovem da classe média que resolve comprar um carro seminovo financiado. Não irei citar nomes (apesar de esse ser o meu desejo), mas vou detalhar com datas toda a minha jornada desde o momento em que tive a infelicidade de assinar o contrato com a AMÉRICA FORD DA JOÃO DE BARROS.
Fiz em esquema de tabela com as datas para que fique mais claro o meu problema:
02 outubro 2010 – Achei um Ford Ka 2008/2009, placa KIT-8262, na América da João de Barros em condições, aparentemente, perfeitas de uso, motor novo, todo novo. Impecável. Como já tinha pesquisado bastante a respeito da compra de um seminovo e ouvi relatos de pessoas que não tiveram problemas, eu na minha inexperiência, resolvi assinar o contrato da compra com o vendedor “W”, dei uma entrada de R$ 4.000,00 e financiei o carro em 60 parcelas de R$ 509,00 com o tapete de cortesia e uma garantia de 3 meses. A nota fiscal saiu no valor de R$ 22.737,00.
13 outubro 2010 – Fui buscar meu carro na concessionária, mas não tinha o tapete prometido, mas mesmo assim “W” me entregou o carro e me pediu para que eu passasse no outro dia para pegar o meu brinde: o tapete. Até ai, tudo Ok.
14 outubro 2010 – Ao sair para o trabalho e inaugurar meu carro novo, ELE NÃO PEGA! Tive que empurrar para poder sair de casa. Prontamente fui na concessionária usar da minha garantia, entretanto “W” não estava, então tive que falar com um vendedor qualquer que ligou para PARVI oficina e eu mesma falei com “B” o qual agendou a entrega do carro para o dia 19 de outubro (terça), com a desculpa de que não teriam tempo de olhar o carro imediatamente, e que eu teria que ficar empurrando o mesmo até lá, já que ele não pegava quando estava frio.
19 outubro 2010 – Deixo meu carro na PARVI e “F” me entrega um comprovante de recebimento do carro e me dá um prazo de 2 dias (nesse caso dia 21 de outubro) para me devolverem o carro pronto. Ao chegar a data da devolução eu ligo de volta e “F” me diz que não conseguiram consertar e que o carro continuava sem pegar quando frio. Bom, assim eu continuei ligando todos os dias.
25 outubro 2010 – Me entregam o carro, quase 1 semana depois.
26 outubro 2010 – Na hora de sair de casa de manhã ao ligar o carro frio, acreditem: ELE NÃO PEGA DE NOVO! Desesperada eu ligo para “W” e digo que ele me vendeu um carro quebrado, e que tentasse resolver essa situação o mais rápido possível. Ele me pede para deixar mais uma vez na oficina porque dessa vez eles iriam verificar o que poderia estar acontecendo. Deixo então o carro outra vez na oficina Parvi (dia 26 de outubro) onde mais uma vez me entregam o comprovante com o prazo de 2 dias de entrega do carro, com a condição de: “Vamos dar prioridade máxima ao seu carro!”. Entretanto aos 2 dias de prazo eles me respondem que o carro ainda não está bom.
28 outubro 2010 – Resolvo contactar um advogado da família e pedir orientação, esse me pede para não pegar o carro de volta e colocarmos na justiça. Eu então vou na América falar com “W” e digo que não quero mais o carro de volta e que se não resolvessem o meu problema eu iria para a justiça. “W” diz que vai falar com a diretoria para ver como ficaria minha situação.
29 outubro 2010 – “B” me liga às 19h pedindo que eu fosse buscar o carro, que ele já estava bom, eu repito que não quero mais aquele carro.
30 outubro 2010 – “W” me liga dizendo que o carro estava na América em perfeitas condições de uso. Fui lá com meu advogado, que pede que ele assine um papel que constava que eu estava me recusando a receber o produto quebrado e solicitando outro. Ele se nega a assinar como também se recusa a chamar o gerente ou diretor, e garante que o carro está bom, e se vier a ter mais algum problema, deveria colocar na justiça.
01 novembro 2010 – Resolvo buscar meu carro, confiando, inocentemente, que dessa vez tinham resolvido todos os problemas dele.
02 novembro 2010 – Um feriado, recebo um telegrama ”ameaçador” da América exigindo que eu pegasse o carro, caso contrário teria que pagar uma multa de R$ 90,00 por dia. Nem protocolo eles acompanham. A necessidade desenfreada de vender e receber a comissão é só o que basta nesta lastimável concessionária. A desorganização é total, pois havia apanhado o carro na noite anterior. O carro já estava comigo.
30 novembro 2010 – O painel do carro se apaga completamente no meio da rua e ao desligá-lo ele nem solo dava. Ativei o seguro do carro e o reboquei até a Parvi (dessa vez liguei diretamente para “B”). Me entregaram aquele mesmo comprovante de 2 dias de prazo, e me disseram que a prioridade era máxima.
01 dezembro 2010 – Peguei o carro à noite após o trabalho, quando a Parvi já estava fechada, com o segurança que ficava responsável pela entrega dos carros. E mais um problema: Ar condicionado sem funcionar!
02 dezembro 2010 – Continuo minha jornada deixando o carro mais uma vez na oficina onde me pedem para aguardar e me entregam o carro no mesmo dia.
14 dezembro 2010 – Inacreditável! O painel do carro apaga de novo, ativo o seguro e me entregam o dito comprovante pela 5ª vez.
A essa altura toda a minha família já estava sofrendo comigo, adquiri uma gastrite, e não sabia mais o que fazer. Todos os dias quando saía com meu carro ficava insegura, apenas esperando ele dar o próximo problema.Tenho uma tia, irmã da minha mãe que conhece os donos da referida Empresa, e sempre soubemos serem pessoas idôneas,
por serem Empresários donos do Grupo América como também de outras Concessionárias reconhecidas no mercado Recifense. Resolvi não apelar para eles apesar de todos os transtornos que me foram causados pela Concessionária América da João de Barros.
Na segunda quinzena de dezembro, minha tia também já bastante incomodada com o descaso dos funcionários responsáveis para resolver meu problema tenta entrar em contato com a sua amiga que certamente daria solução ao meu caso, entretanto ela estava viajando. Ela conseguiu falar com o “braço direito” do dono.
Após isso, “coincidentemente” no outro dia a gerente “L”, dos seminovos da América me liga chamando para uma conversa. Na conversa ela me escuta e diz que irá resolver o meu problema: A América iria aceitar comprar o carro por R$ 21.000 e eu poderia fazer uma transferência de garantia para um carro zero da loja e pagar a diferença! O interessante é que eu comprei um seminovo porque não tinha dinheiro para comprar um novo! Ainda mais dar a diferença a vista!
Enfim… Agora começa o segundo capítulo da minha jornada: A compra do novo!
Minha mãe que já não agüentava mais o meu sofrimento e minha batalha com o carro resolve abrir mão de trocar o carro dela e me dar o valor de diferença, e sendo assim, resolvi aceitar (tinha outra escolha?) a proposta da América, que era o carro zero básico e preto, igual ao que eu tinha por R$ 26.990,00 e eu teria que pagar a diferença de R$ 6.000,00, além do IPVA 2011, emplacamento e taxa de transferência. Esta proposta foi feita pelo vendedor “B2”, que me disse “A América está sempre de braços abertos para lhe receber”.
Eu resolvo dessa vez não tomar uma decisão precipitada e vou pesquisar o preço do mercado com o meu primo durante as duas últimas semanas do ano. Apenas para conferência nós decidimos ir na América Ford de Olinda pois estava passando nos comerciais que o Ford Ka estaria custando R$ 25.990,00, e lá eles confirmam o preço da TV e me oferecem muito mais vantagens do que a América João de Barros.
No outro dia eu volto a falar com “B2” e conto do preço que estava passando nos comerciais, mas ele diz que aquele era só para pintura sólida, e no momento eles não tinham mais carro preto, o que encarecia.
Eu volto a falar com a vendedora de Olinda e ela me confirma que eles têm no estoque carro preto sim, e que o estoque de todas as Américas é o mesmo! Eu então ligo para “B2” e ele me diz que eles (da América Olinda) estão enganados, e me garante que não tem carro preto, eu insisto dizendo que aquilo era um absurdo me oferecerem um produto em falta e então ele me diz para ir comprar em Olinda, e garante que não iria conseguir efetuar o pagamento.
Eu então, através dos meus contatos, pois a essa altura todos os meus amigos também estavam envolvidos com minha história, consigo o telefone do Diretor da América “T” e conto o caso rapidamente, e peço uma negociação decente, até porque eu já havia tido muitos prejuízos. “T” me promete tomar uma atitude. Ligo várias vezes para “T” e ele apenas me diz que não está esquecido mas que está muito ocupado. Até que um dia o gerente “G” dos novos me liga e me chama para uma conversa.
6 janeiro 2011 - No dia e hora que marquei com “G” eu apareço e quem me atende não é “G” nem “T”, mas “B2” novamente e me diz que eles pediram desculpas, mas que os dois estavam em uma reunião. “B2” então diz que eles decidiram fazer o carro pelo preço que estavam anunciando nas propagandas de TV e jornal, e eu como já não agüentava mais essa história fechei o negócio para fazer a transferência de garantia no mesmo dia.
7 janeiro 2011 - Faturei o carro e nesse dia “B2” impressionantemente não estava mais de braços abertos para me receber (depois que a gente assina o papel os vendedores mudam de humor completamente). “B2” me deu as informações de que o banco mandaria a contrato para eu assinar por volta do dia 14 de janeiro e até lá eu teria que esperar.
8 janeiro 2011 – “B2”me liga pedindo para eu ir lá com a minha mãe (minha avalista) porque ele tentaria adiantar o processo para mim. Chegando lá ele pede para eu e minha mãe assinarmos um contrato o qual não estava preenchido pelo banco e diz que vai enviar preenchido por ele mesmo para ver se o banco aceita e se “colar colou”.
4 fevereiro 2011 – “B2” me liga pedindo para eu ir assinar outro papel com a minha mãe.
5 fevereiro 2011 - “B2” só não estava mais de braços abertos como não me recebeu! Passou o “pepino” pra outra. Fui atendida por “S” que era alguém da América responsável por essas questões bancárias e me diz que o que eu tinha assinado tinha sido recusado pelo banco! Então tive que assinar tudo de novo com a minha mãe e aguardar. Até hoje 13 de fevereiro de 2011, momento que estou escrevendo essa carta,nem notícia do carro.
Nesse meio tempo, meu carro seminovo já deu outro problema: a água do radiador seca misteriosamente, o sistema de arrefecimento está todo enferrujado e quando chego em casa a noite há um cheiro muito forte de álcool. Já não tenho mais condições de levá-lo novamente a PARVI, passar por tudo de novo e estou evitando usá-lo,andando novamente no carro da minha mãe, com prejuízos para nós duas. Estou apenas esperando a América enfim me entregar meu carro zero, para que eu possa devolver essa “máquina passível de defeitos” como eles dizem, e rezar para que a próxima máquina seja confiável e o próximo coitado que comprar esse seminovo tenha mais paciência e saúde que eu!
Espero que quem leu até aqui repasse para todas as pessoas que conhece. Seja encaminhando este email, ou numa conversa na mesa de um bar, para que atinja o maior número de pessoas conhecidas, até mesmo funcionários e diretores do Grupo de Concessionárias, e o meu desabafo chegue aos ouvidos dos donos e saibam como seus funcionários tratam seus clientes.Desrespeitando-os sem ter o mínimo compromisso, desconhecendo por completo a Lei dos Direitos do Consumidor.
Irei usar todos os meus direitos pois tudo que acabei de relatar pode ser comprovado, tenho guardado comigo todos os comprovantes além de várias testemunhas que vêm acompanhando meu suplício. Só para concluir é interessante que em matéria de marketing e propaganda enganosa o atendimento ao consumidor funciona “hipocritamente” muito bem. Recebo periodicamente telefonemas de pesquisa do grau de satisfação com o produto e, embora sempre afirmando da minha enorme insatisfação a atenciosa tele-marketing agradece e, nada é feito! Além de, ter acabado de receber uma carta, onde concorro a um FORD FIESTA SEDAN O KM, por ter deixado a Ford fazer parte da minha vida. Pasmem!!!!
Agradeço a todos que repassarem esse email e colaborarem para que outros não venham passar, por ingenuidade, tudo isto que acabo de relatar. Quem sabe assim, essas grandes empresas monopolizadoras aprendam a respeitar seus clientes e fazer cumprir a Lei de Direitos do Consumidor.
Bruna Tiné
Obs: Lei n. 8.078 de 11 setembro de 1990
Código de defesa do consumidor