Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Síndrome da Translateralidade Moral e Política

É um fenômeno antigo. Porém, apenas visualizado e estudado por mim recentemente. Trata de políticos que, inicialmente de tendências esquerdistas, deixam, inexplicavelmente, suas idéias progressistas e passam a ter tendências direitistas.

Exemplos:

Fernando Henrique Cardoso

Acusado de subversão, foi obrigado a sair do país com o golpe militar de 1964, exilando-se inicialmente no Chile e, depois, na França. Na capital chilena, onde permaneceu por três anos, aproximou-se de dirigentes de grandes organizações, como as Nações Unidas, e de personalidades, como Raul Alfonsín, Domingo Cavallo e Salvador Allende. Seu primeiro cargo foi como suplente de Franco Montoro para o Senado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em 1978. Em 1980, participou da fundação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, três anos mais tarde, assumiu o Senado quando Montoro foi eleito governador de São Paulo, reelegendo-se em 1986. Foi um dos fundadores do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) - Partido o qual ele se elegeu Presidente da República e cunhou a célebre frase "esqueçam tudo que eu falei".

Alfredo Sirkis

Escritor com sete livros publicados, participou ativamente dos movimentos estudantis nos chamados Anos de Chumbo e ficou exilado durante nove anos. Ao voltar ao Brasil, não entrou para os tradicionais partidos de esquerda, sendo um dos fundadores do Partido Verde e, durante a fase inicial, um dos expoentes da ideologia verde no Brasil.
Foi secretário municipal de Meio Ambiente na primeira gestão de César Maia (DEM-RJ), entre 1993 e 1996, e secretário municipal de Urbanismo e Presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos(IPP) na sua segunda e início de terceira gestão entre 2001 e 2006.

José Serra

Em fins de 1962, Serra foi um dos fundadores da Ação Popular (AP). Participou de congressos em vários estados brasileiros como presidente da UEE-SP, tornando-se conhecido, o que veio a facilitar sua eleição para presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), em julho de 1963, como candidato da Ação Popular, tendo ainda o apoio do Partido Comunista Brasileiro. A UNE, na época, tinha status de partido político, dando a Serra a condição participar da política nacional e a oportunidade de contato com autoridades, governadores, e com o então presidente João Goulart, o Jango. Recém eleito presidente da UNE, Serra foi convidado a ser um dos oradores de um comício em homenagem a Getúlio Vargas, em 23 de agosto de 1963, onde o último a discursar seria João Goulart. Esperava-se que os antecessores apoiassem no palanque as propostas do governo. O discurso de Serra, no entanto, ao invés de apenas apoiar o presidente de esquerda pressionado pela direita, criticou-o também, pois havia rumores de que Jango pretendia uma intervenção antidemocrática nos estados de São Paulo e Guanabara, cujos governadores trabalhavam para derrubá-lo. Foi mais aplaudido que Jango, segundo sua ficha no Dops. Ainda assim, Jango sabia de sua importância e teria dito: "Há generais loucos atrás de ti. Eu é que não deixo eles te fazerem mal."
Golpe militar e exílio
Em 13 de março de 1964, no famoso comício da Central do Brasil, onde Jango defendeu as reformas de base, Serra, então com 21 anos, foi o mais jovem a discursar. O comício foi considerado pelos conservadores uma provocação e visto como um momento-chave de radicalização do governo, ajudando na junção de forças políticas, sociais e militares para derrubar Jango. Consumado o golpe militar, Serra foi primeiro para o Departamento de Correios e Telégrafos do Rio de Janeiro, QG improvisado das forças leais ao presidente Jango. De lá partiu, junto de Marcelo Cerqueira (seu vice na UNE) para a casa do deputado Tenório Cavalcanti, também conhecido como "o homem da capa preta". Com o incêndio da sede da UNE pelos militares, Serra tratou de esconder-se por mais alguns dias na casa de amigos, sem contato nem mesmo com a família. Aconselhado por um deputado amigo do ex-presidente Juscelino Kubitschek, refugiou-se na embaixada da Bolívia, onde permaneceu por três meses. Os militares não queriam deixá-lo sair do país, como dissera o então ministro da Guerra, Costa e Silva, aos bolivianos: "Este não deixaremos ir embora. É muito perigoso." Resolvido o impasse, foi então para a Bolívia e depois para a França, onde permaneceu até 1965. Por causa do exílio teve que interromper os estudos, não completando o curso de engenharia. Retornou clandestinamente ao Brasil em março de 1965, quando os integrantes da Ação Popular tentavam reorganizar a entidade, já na clandestinidade e com muitos líderes exilados ou perseguidos. Escondido na casa de Beatriz Segall, foi convencido a não comparecer a uma reunião em São Paulo, enfim descoberta pela polícia, que deteve todos os participantes, levando-os para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Permaneceu no país alguns meses, mas perseguido, teve que sair novamente do Brasil. Radicou-se no Chile, participando de ações políticas para denunciar a repressão no Brasil junto de outros exilados, como Armênio Guedes, Fernando Gabeira, Almino Afonso e Betinho, conhecendo também César Maia, a quem incentivou estudar economia. Permaneceu no Chile por oito anos, vivendo carreira acadêmica até 1973. Trabalhou ao lado de Fernando Henrique Cardoso e Maria da Conceição Tavares. Chegou a prestar assessoria ao governo de Allende por alguns meses. Decretado o golpe liderado pelo general Augusto Pinochet, em setembro de 1973, Serra ajudou a transportar vários perseguidos à embaixada do Panamá. Foi preso no aeroporto quando tentava deixar o país com a família, sendo levado ao Estádio Nacional, onde muitos foram torturados e mortos. Um major que o libertou foi posteriormente fuzilado. Serra refugiou-se na embaixada da Itália, ficando como exilado político por oito meses aguardando um salvo-conduto. Partiu depois para os Estados Unidos onde fez seu segundo mestrado, e ainda o doutorado em Ciências Econômicas na Universidade de Cornell, concluído em 1976. Trabalhou como professor visitante do Instituto para Estudos Avançados em Princeton, NJ entre 1976 e 1978.
Depois de catorze anos no exílio, retornou ao país em 1977.
Tornou-se no que todos nós conhecemos!

Opinião dO Cachete:
Que fenômeno estranho será este? Por que carreia alguns dos piores efeitos colaterais já vistos na humanidade: Mau-caratismo, Prepotência, Arrogância, Mitomania, Desonestidade e, após tudo isso, Cinismo?! Espero que não seja contagiosa...

Um comentário:

Beto Mafra disse...

No dia 25/07, em Belo Horizonte, José Serra deu entrevista ao programa TV Verdade, onde afirmou ter visitado o então governador de Minas, Magalhães Pinto, nas vésperas do golpe militar de 1964. Disse que o pretexto eram os "Direitos Humanos" e que fora BEM RECEBIDO.
Ora!!
Magalhães Pinto FOI O LÍDER CIVIL do golpe!! Ele ordenou ao Exército que marchasse para o Rio(então capital federal)e capturasse o Jango!!
Pergunto: O que fazia o presidente da União Nacional dos Estudantes, uma das forças mais radicalizadas em apoio às reformas de base e INIMIGO DECLARADO DA DIREITA,em reunião social com o líder da direita? NA VÉSPERA DO GOLPE?
Muito estranho.

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma."
(Joseph Pulitzer)