Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

domingo, 10 de junho de 2012

O Senador Pegou em Bomba!!!


O senador Humberto Costa errou ao tentar vincular seu projeto político de 2014 ao projeto político de outros sem que, efetivamente, tivesse o controle do quadro geral. E acabou sendo levado a assumir compromissos que não desejava e que podem além de manchar sua biografia, como já manchou, ainda lhe impor uma nova derrota política. O que lhe cravará a pecha de perder, pela terceira vez, uma eleição majoritária fato que no estado só aconteceu com João Cleófas de Oliveira.

Humberto Costa é, de longe, o mais devotado e disciplinado militante do PT do Nordeste. Efetivamente, deve-se reconhecer que tudo que o partido lhe exigiu ele fez. Inclusive ir, como foi, para festa como convidado quando poderia ter sido o anfitrião. Isso aconteceu em 2008 na vitória de João da Costa quando, sem mandato, viu o então prefeito João Paulo empurrar-lhe goela abaixo o nome de João da Costa, em nome da unidade do projeto politico do partido, que a bem da verdade era o projeto político de João Paulo.

Mas, agora em 2012, o senador errou ao acreditar que o fragilizado João da Costa seria presa fácil da máquina do partido e aceitou o convite para entrar na ação política pilotada à distância pelo governador Eduardo Campos que estimulou seu fiel secretário Maurício Rands lançar-se candidato à vaga do PT nas próximas eleições, enquando publicamente conversarva com o prefeito.

Errou porque não sendo o primus pela desistência de João da Costa, não pensava ser o tertius, como falsamente tentou lhe apresentar o PT nacional, porque na briga se tornara avalista do secundus (Rands), para se usar o latim.

Na conta de Humberto, sem João da Costa na disputa, Rands seria prefeito fácil uma vez que além dele e seu grupo, viriam os apoios de João Paulo e do governador Eduardo Campo. Afinal, mesmo sem dizer uma só palavra, na sua avaliação, Eduardo Campos estava dando sinal verde à empreitada. Na conta de padaria do médico/senador o resultado estava matemáticamente correto: com Rands prefeito do Recife, o apoio dele à sua candidatura ao Governo de Pernambuco 2014 seria um compromisso e naturalmente de Eduardo Campos, que, na avaliaçãodo senador, estimulara seu secretário de Governo a derrotar João da Costa dentro do PT.

O senador não contou com a resistência do prefeito que se agigantou no confronto com o grupo da qual ele aceitou fazer parte. Mas contou com apoio do governador Eduardo Campos pensando que ele vincularia seu projeto político ao do PT e achou que, já em 2012, Eduardo Campos avalizaria sua candidatura ao governo e Pernambuco em 2014.

Eduardo Campos, todos sabemos agora, tinha e tem projetos próprios e não está disposto a vinculá-lo a ninguém porque aprendeu cedo com o avô Miguel Arraes ainda menino, que não se coloca o depois na frente do antes. E que cada campanha tem compromissos para apenas aquela campanha. Ou alguém já viu Eduardo Campos fechar acordos para depois que qualquer eleição?

Humberto Costa, portanto, começou a fazer a conta errada já na partida. Não só porque se juntou a um grupo de pega-na-rua que não formou, e apenas chegou-se. Mais porque não cuidou de sair dele quando o confronto subiu a níveis que não podia mais controlar. E, finalmente, em não travar de imediato a ideia de ser um escolhido como solução, pois se entrasse nela estaria apenas limpando o terreno para Eduardo Campos escolher quem quisesse para lhe suceder em 2014.

Ou seja: não avaliou que no meio de uma disputa acirrada entre seus correligionários estava apenas servido de moto niveladora não para o seu PT virar governo, mas para o PSB de Eduardo Campos se apresentar.

Finalmente errou por acreditar que o governador com o seu silêncio, ou não reprovação, estimulava uma solução para a crise do PT na qual seu PSB contentaria com a vaga de vice na chapa.

Como pôde ver, o governador tem projetos próprios. Campos não só não lhe deu o apoio que ele achava já ter como no dia seguinte ao anuncio de sua candidatura biônica em São Paulo exonerou quatro secretários sinalizando que já não precisa de Humberto Costa para nada ou dos cacos em que o PT se tornou.

E assim o senador que tinha uma senatoria tranquila e prestigiada pela Presidente Dilma Rousseff que lhe fez líder da maioria, viu-se no meio de uma campanha fragilizado extamente por quem achava ser seu maior parceiro e que agora virou concorrente. Isso sem falar na pressão que o seu colega de Senado, Armando Neto, passou a exercer sobre o PT.

E que entra sem poder negociar com autoridade com nenhum partido, pois o fantasma João da Costa terá vida até a convenção do partido às vésperas do prazo máximo. E sem poder garantir nada aos partidos aliados que ainda não se manifestam dispostos a entrar na sua campanha.

Claro que poderá ser prefeito. Claro que poderá juntar os cacos do seu PT. Claro que poderá iniciar uma negociação com os partidos. Mas, sabe que terá que pagar caro sem ter garantia de absolutamente nada. E enfrentar o desprezo de uma militância que se redescobriu em favor de João da Costa e até o hostiliza em público.

Na solidão do PT que diz liderar, e de seus pensamentos, o senador sabe agora que como se diz na linguagem popular “pegou em bomba”.

Por Fernando Castilho, do JC Negócios, especial para o Blog de Jamildo

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(Joseph Pulitzer)