Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Bruno Carneiro: Opinião

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Bruno Carneiro
Doutor em Física

Em viagem pela Europa a trabalho
Já é a segunda ou terceira vez que vem algum europeu preocupado me perguntar sobre a situação política brasileira. Começo a explicar sobre a reforma previdenciária e trabalhista, e de como as novas regras vão retirar o poder de barganha dos trabalhadores, principalmente os situados nos setores de menor especialização, e os afastados dos grandes centros onde há dependência financeira do estado e poucas alternativas dentro da iniciativa privada. A pergunta que inevitavelmente segue é:

- Mas vocês VOTARAM para este plano de governo?

Aí eu respiro fundo e digo que não. Concordamos que, se retiram do poder uma presidente democraticamente eleita para implementar o programa de governo oposto, é "un coup d'état" (malditos britânicos que se recusam a ter um termo em inglês para isto).

Digo sorrindo que as gentes no plano equatorial temos o costume de nos auto-sabotar a cada 20 anos. Então voltamos a falar de física.

Qual será o próximo erro do Sérgio Moro?

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Juiz Sérgio Moro
Camisa Negra
Qual será o próximo erro do Sérgio Moro? Conduções coercitivas ilegais, vazamentos de áudios com diálogos com a presidenta do Brasil, prisões temporárias sem fundamentação legal, bate-boca com advogados de defesa, declarações estapafúrdias na página de Facebook da própria esposa que serviu de testemunha acusatória do presidente Lula no Processo da Operação Lava Jato... Onde este senhor quer chegar? Mas basta pedir desculpas ao STF... Ou retirar o nome da fonte do Blogueiro conduzido coercitivamente do processo... E está tudo resolvido!
O Brasil corre risco de entrar em uma Ditadura Policial Judiciária protagonizada por estes novos entes da república que adoram microfones e holofotes (cito o Ministro Gilmar Mendes para dividir esta carga com Sérgio Moro)... O mal exemplo veio de Joaquim Barbosa que adorava aparecer na TV Justiça batendo boca com o Gilmar...
Ah... Essa TV Justiça... Antes não tivesse sido criada! Ultimamente só passa filme de terror e de ladrão!
E é melhor este blogueiro parar por aqui... Vai que o Dr. Sérgio Moro cisma de mandar a PF me visitar??? Eu detesto acordar cedo!

Clique aqui para saber mais sobre os Camisas Negras.

terça-feira, 21 de março de 2017

Pablo Vilaça: Começou!

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Pablo Villaça
Crítico de Cinema

Até que demorou, mas hoje o juiz Sérgio Moro finalmente decidiu assumir a postura de dono do limite da liberdade de imprensa e de expressão. No início da manhã, o blogueiro Eduardo Guimarães foi vítima de condução coercitiva por parte da Polícia Federal, que agiu com a autorização de Moro. Querem saber qual a acusação? Que crime ele cometeu? Quantas vezes se recusou a depor até passar pela condução coercitiva?
Nenhuma. Nenhum. Nenhuma.
Sem jamais ter sido intimado para depor, Guimarães foi forçado a ir prestar depoimento não acerca de algum ato ilícito, mas como testemunha de um processo acerca do vazamento de uma informação - neste caso específico, por ter antecipado que Lula passaria (vejam só a ironia) por condução coercitiva na manhã seguinte.
Vamos contar os absurdos da situação? Vamos: uma testemunha (ponto 1) que jamais havia sido convocada a depor (ponto 2) passa por condução coercitiva (ponto 3) e tem seus equipamentos confiscados pela PF (ponto 4) para que revele quem foi sua fonte de informação (ponto 5).
Ah, mas não para por aí: como o jornalista tem direito a preservar sua fonte, Moro usou como justificativa o fato de Guimarães NÃO SER FORMADO EM JORNALISMO. (Mesmo que no Brasil não haja a exigência de diploma para exercer a profissão.)
Já é o suficiente? Não? Querem mais absurdos? Ok: segundo o advogado de Guimarães, Fernando Hideo, que conversou com Renato Rovai, "o o juiz Sérgio Moro está processando Eduardo Guimarães por conta de um post que ele fez no seu blogue. Ou seja, (...) é suspeito para lhe dar ordem de condução coercitiva e não poderia ter agido neste caso."
Mas este é o Brasil de hoje: o mesmo Moro que vazou para a imprensa as gravações ILEGAIS entre Lula e Dilma agora reprime um blogueiro por divulgar uma informação passada por fonte anônima. (Ah, qual foi a punição de Moro, por sinal? Nenhuma. Ele apenas pediu "desculpas" ao STF por suas ações.)
Tenho várias ressalvas quanto ao tipo de jornalismo que Eduardo Guimarães pratica (algumas são puramente estéticas, confesso; há um tom sensacionalista que me desagrada em seus textos) e já discutimos publicamente no Twitter há muito tempo (salvo engano, ele chegou a me bloquear). Mas mesmo que ele fosse, sei lá, Rodrigo Constantino eu o defenderia neste caso sem qualquer hesitação - o que está em jogo aqui são a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.
E que os jornalistas e blogueiros da direita não se iludam: a repressão, quando normalizada, não respeita fronteiras ideológicas. Em outras palavras: se não se posicionarem diante deste absurdo por uma questão constitucional, posicionem-se ao menos por interesse próprio.
O que ocorreu hoje é apenas o começo; para onde caminhará, ninguém é capaz de antecipar.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Deixe de bobeira, companheira. Sou eu

Estava eu lendo as mensagens que recebo inbox (são inúmeras e não dou conta de responder todas) quando vejo a de uma moça dizendo que trabalha no Instituto Lula e gostaria de conversar comigo sobre um texto que escrevi cujo link para quem não viu segue aqui:

https://elikatakimoto.com/…/24/prometo-nao-tocar-no-assunto/

A moça que se chama Gabriella pediu meu telefone. Dei uma estalqueada de leve nela para saber com quem estava conversando e se poderia fornecer meu número. Vi várias fotos no perfil dela com o Lula. Quem tira foto com o Lula não pode ser má pessoa, pensei. Quem acreditou e acredita nele torce para que a desigualdade social diminua, fica feliz em ver negros em universidades e pessoas saindo da linha da miséria. Então, concluí, ela tem cara de quem vai fazer um bom uso do meu telefone e do meu voto de confiança.

Em menos de cinco minutos o telefone tocou.

– Elika, Gabriella do Insititulo Lula. Um minuto que vou transferir sua ligação.

– Ok. – respondi pacientemente.

– Alô, Elika. Oi, querida. Aqui quem fala é o Lula.

Abre parêntese.

Não sei o que você pensa a respeito dessa figura histórica, mas uma coisa é fato: quem estava do outro lado do telefone foi o presidente mais amado do Brasil cuja vida se confunde com a luta de toda uma geração de brasileiros que sonha com um país socialmente mais justo.

Não convém enumerar todos os prêmios e condecorações que ele recebeu não somente aqui como em vários outros países. A título de exemplo, no Brasil, Lula recebeu a medalha de ordem do Mérito Militar, Naval, Aeronáutica, a Ordem do Cruzeiro do Sul, do Rio Branco, a ordem do Mérito Judiciário e da Ordem Nacional do Mérito. Recebeu da UNESCO, em 2008 o Prêmio da Paz; em 2009 foi destacado como O Homem do Ano nos jornais Le Monde e o El País. Em 2012 recebeu o prêmio de Estadista Global em Davos na Suíça. Mas há N outros que não citarei para a postagem não virar uma biografia dele.

O que quero dizer a vocês é que eu estava falando com um homem que mudou o destino de muitos brasileiros e no qual votei em todas as vezes em que ele se candidatou para presidente por acreditar no projeto que ele apresentou.

Não estou dizendo que quem me ligou foi o homem mais honesto do Brasil, mas sem dúvida, o homem que proibiu em seu governo a palavra “gasto” quando o assunto era Educação e Saúde. O responsável pelo Brasil ter saído do mapa da fome e por hoje ter nas salas de aula do meu CEFET, negros e pessoas carentes cujo destino foi mudado por uma oportunidade. Como disse no meu texto supra citado “Se ganharam os cotistas com a oportunidade, ganhamos muito mais os professores por entender que capacidade intelectual nada tem a ver com a nota de uma prova de seleção e mais ainda enriqueceram os outros alunos por testemunhar o esforço de quem vive em outra realidade.”

Fecha parêntese.

– Mas o quê? Como?! Lula!!! Não acredito!!!!!

– Acredite, querida. Estou te ligando porque quero te parabenizar e agradecer por esse texto maravilhoso que você escreveu.

– Mas quem me garante que não é um imitador? No Brasil inteiro tem gente que imita o Lula!

– Deixe de bobeira, companheira. Sou eu.

Daí, meu povo, eu saí de mim. Meu coração acelerou. Se fosse o Fernando Henrique me ligando eu ia ficar feliz porque tenho umas coisas para dizer para ele. Mas Lula?! Meodeos. Não queria deixar a emoção estragar aqueles minutos. Pensei: “aproveite esse momento, Elika. Fale, pergunte… agarre a oportunidade. Quantas pessoas você acha que recebe uma ligação do Lula?”, refleti e tentei me acalmar.

– Presidente, – assim o chamei no impulso – eu quero lhe dizer que quem merece ser parabenizado por tudo não sou eu e sim você. Em nome de todos os brasileiros que hoje comem, se vestem e estudam, eu quero dizer: muito obrigada, Lula. E receba todo meu sentimento pelo falecimento de Dona Marisa.

– Obrigada, companheira. Mas quero te dizer umas coisas. Eu não sou de sair ligando para todo mundo. Mas seu texto me tocou muito. Percebi sinceridade nele inteiro e sua angústia com tudo o que está acontecendo. Liguei para te abraçar, agradecer e dizer para continuar sendo quem você é porque você é uma pessoa maravilhosa demais.

Ah gente… sinto muito. Chorei como um bezerro com ele do outro lado da linha e soluçando falei:

– Presidente, eu não quero deixar passar essa oportunidade e preciso te fazer uma pergunta. O nosso país anda esquisito, você viu pelo meu texto que ando sofrendo pressão para deixar de falar sobre política, todo dia uma notícia desse governo que vai de encontro ao projeto de diminuição da desigualdade social… Eu não tenho vontade de desistir de lutar porque sou dessas, meu presidente, de insistir nos sonhos. Mas, por vezes, lutamos apenas para não deixar o inimigo nos abater sem que resistamos, ainda que a morte seja certa. Isso posto: Lula, como você vê o futuro do nosso país? Sua luta está sendo movida pela esperança de ainda tocar para frente o seu projeto ou apenas para ter uma morte política digna?

A resposta veio imediata:

– Companheira, acredite que há muita coisa boa para acontecer. Estou animado e muito otimista.

E me disse muito mais coisas que acho que não convém falar aqui. Frases boas de serem ouvidas, sabe? Dessas que dá vontade da gente fazer muito mais do que anda fazendo pelo próximo.

Enfim, gente. É isso. Lula me ligou, disse que sou maravilhosa e trouxe a força que me faltava para continuar lutando por uma sociedade mais justa.

Felicidade é pouco. O que sinto não tem nome.

Vou ali agora enfartar e já volto.

Zerei a vida…

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma."
(Joseph Pulitzer)