Dizem por aí, que toda geração nasce aos 15 anos de idade e morre aos trinta. A próxima geração a morrer então será a minha, ou seja, a de 1977. Geração, aliás, que às vezes me causa tristeza, pois somos a geração pós-regime militar.
Digo isto, porque a minha geração em quase sua totalidade foi e é formada por pessoas que não acrescentaram nada à nossa nação. É como aquela estória, perdemos o trem da juventude e não mudamos em nada este país.
Não fomos para as ruas protestar contra nada – o fora Collor não conta, pois fomos manipulados pela mídia e pela elite que o elegeu. Não temos uma ideologia pré-definida: não somos de esquerda, não somos de direita, ou seja, não somos nada. Não temos pensamento crítico, somos meros hedonistas alienados pelo sistema, e o que é pior aceitamos tudo o que eles nos impõem.
Vivemos em uma teórica democracia, mas não a aproveitamos para nos manifestar. Aceitamos os abusos de poder: por parte da nossa elite, dos parasitas políticos, da grande mídia e fingimos que tudo está bem, ou seja, está bem quando nada nos incomoda. Esta passividade é a marca registrada da nossa geração individualista dos anos 90.
Mas, não podemos só culpar a nossa geração, pois parte do que somos é fruto do modelo político-econômico ao qual a nossa pátria “terceiro-mundista-periférica”, resolveu adotar, ou seja, o jogo das políticas neo-liberais do Estado Mínimo, que “re-surgiu” via dupla Tatcher-Reagan (na foto, dançando para o mundo) no final da década de 70, em seus respectivos países, leia-se, Inglaterra e Estados Unidos, sempre eles.
Destaco que a partir deste marco inicial todos os países do globo, exceção sendo feita aos do bloco socialista, passaram a seguir este receituário liberal, que culminou com a implantação – forçada – do Consenso de Washington – no início da década de 90 -, para as economias periféricas, leia-se, América Latina, África e por ai vai. Só resta saber consenso de quem?
Com a implantação deste Consenso, os países periféricos passaram a seguí-lo como receita de remédio, ou seja, implantaram todas as políticas previstas pelo mesmo, do Estado Mínimo: ajuste fiscal, privatizações, abertura da economia entre outros tópicos; achando que todas estas políticas liberais seriam a cura de nossos males. E passado mais de 19 anos do dito Consenso nada mudou, ou melhor, mudou sim, só que para nossa pequena elite burguesa juntamente com a burguesia internacional.
Todos os países que seguiram este receituário, com o perdão da palavra, se FUDERAM, vide Argentina. E o engraçado de tudo isso, é que os países, pelo menos aqui na América do Sul, parecem querer acenar com uma mudança neste jogo de tabuleiro. Dizendo: “Este jogo neo-liberal não nos agrada mais. Nossa população está passando fome, e se assim continuarmos seremos sempre o lixo da humanidade”.
Então, o que a mídia internacional faz. Tenta jogar a população contra estes governos eleitos democraticamente, diga-se de passagem. No Brasil podemos ver isto através da manipuladora Rede Globo, sempre ela, que tenta de qualquer forma desqualificar os governos venezuelano, boliviano, equatoriano e por ai vai.
Agora pensem vocês, geração 77 e os acima dos trinta. Qual o motivo para tal tentativa de manipular nossas mentes? Eles querem matar as ideologias, a HISTÓRIA, ou seja, querem ter unicidade entre eles e nos excluir. Querem que sempre vivamos sobre o jugo vil dos países centrais e suas burguesias parasitas de poder centralizado. Não querem dividir o poder, querem só para eles. Leiam os Donos do Poder, do Faoro e tentem entender o que eles querem para nós.
Portanto, minha geração, estamos ai chegando aos trinta anos sendo taxados de alienados consumistas, sem senso crítico, ameba de laboratórios, ratos de shopping, geração arroto e plimplim. Se não fizemos nada até agora, que pelo menos façamos daqui para frente. Eduquemos nossos filhos com valores realmente éticos, de civilidade, filosóficos seja lá o que for, mas os criemos com algum senso crítico e humanista. A vida não é resumida em dinheiro-consumo-prazer, ela é muito mais que isso, basta procurarmos nas coisas mais simples.
Desta forma, espero que nossos filhos não sejam meros hedonistas a procura de uma vida perfeita, pois isto não existe. Porém, nós podemos tentar encontrar uma forma melhor de viver, que não seja esta que eles tentam nos impor, onde todos possam viver em harmonia sem ter que se preocupar com a exploração indigna de vidas humanas pelos próprios seres humanos, a teórica raça racionalista.
Juliano Vieira Lopes é economista.
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