Lauro Fabiano Jornalista |
Quarta-feira de cinzas. Segundo a Wikipedia, as "cinzas" são devidas à tradição católica de ser marcado com uma cruz de cinza na testa, para forçar a reflexão sobre "o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte." O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é católico. Corre que é da Opus Dei, ou seja, da direita mais à direita do espectro. Ele poderia refletir sobre o que vem fazendo. A polícia militar dele mais uma vez entrou em conflito no campus da USP, desalojando estudantes como se fossem os ratos do esgoto. Uma grávida, inclusive. Sem diálogo, sem negociação. Aproveitando o clima carnavalesco, ele colocou o bloco dele na rua. Novamente. Enquanto isso, no seu quintal, Serra e Kassab sambam despudoradamente. Como político ligado à extrema direita, Alckmin não passa recibo - aguardará com raiva mas paciência o momento de dar o troco, provavelmente após a derrota da dupla nas próximas eleições municipais. Mas essa raiva contida é canalizada com o mau uso do poder. Pinheirinho e USP não deveriam sair das manchetes, o que é muito difícil com a mídia que temos, venal e corrompida.
Aliás, precisamos reagir às tentativas reacionárias que tentam boicotar movimentos sociais e políticas distributivas. O país está bem, crescendo e seguindo adiante, consolidando-se no panorama mundial. A Presidenta Dilma mantém o pragmatismo do governo Lula em diminuir o fosso social do nosso país mas impõe cada vez mais seu estilo duro de governar. Busca resultados e resultados terá. Lula, mesmo lutando contra o terrível câncer, chegou a ser lançado na semana anterior ao carnaval como opção à Presidência do Banco Mundial. As hostes intelectuais do eixo Higienópolis-Sorbonne estão como baratas sentindo o detefon - de um lado para o outro correm em busca de explicação. Lembro do divertido embate entre Bill Clinton e George Bush nas eleições estadunidenses de 1992: "é a economia, estúpido" e evoco: "é o povo, estúpidos!" Com esse cenário positivo, com as classes mais desfavorecidas recebendo a adesão cada vez maior da classe média, a guinada normal dos meios de comunicação, desse oligopólio nojento que domina o país, é mergulhar de vez no golpe através do denuncismo, da distorção, da manipulação das manchetes. Há que se discutir, com urgência, nossa "lei de meios". Democratizar a informação. É necessário seguir um modelo como o estadunidense e os europeus, já praticado por várias democracias sul-americanas, que evite a concentração da mídia e a completa mercantilização da mesma. É serviço público! Temos que aprofundar, fortalecer e propagar esse debate.
Pensando bem, é quarta-feira de cinzas mas não acabou o carnaval. As eleições municipais tomarão plena força e vigor! E se tentarmos olhar o mundo, a Grécia mostra que o baile de máscaras da ciranda financeira mundial está longe de acabar. O país receberá 130 bilhões de Euros para auxílio às dificuldades. Mas nem um Euro entrará nos cofres do país - tudo para pagar os empréstimos da banca. E tome arrocho financeiro no povo grego. "Mais de mil palhaços no salão..."
Lauro Fabiano de Souza Carvalho
twitter: @laurofab
"L'enfer est plein de bonnes volontés et désirs" (O inferno está cheio de boas intenções e desejos) -- Bernard de Clairvaux.
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