Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Apologia ao Motim!


Recebi o texto abaixo por e-mail. Na realidade recebi dois textos de mesmo conteúdo: a insatisfação dos militares brasileiros com os salários e com a admissão de José Genuíno como consultor do Ministério da Defesa. Um problema de ordem técnica e outro de ordem política. O salarial, já existe uma movimentação no sentido de melhoria salarial para a classe militar (Clique aqui!), coisa que não houve antes, entre 1985 e 2002. Mas o que mais me preocupa é o problema de ordem política. Os militares estão "em pé de guerra" pelo fato de sua Comandante em Chefe ser uma Mulher e Ex-guerrilheira e agora com o Genuíno como consultor, o caldo ferveu, gerando declarações como esta abaixo:

O MENSALÃO CHEGA ÀS FORÇAS ARMADAS
Sou militar há quarenta e um anos, trinta dos quais na ativa na Marinha do Brasil. Enverguei durante todo esse tempo, e com muito orgulho, o uniforme da gloriosa Armada. Sempre fui um militar disciplinado, correto e cumpridor dos meus deveres. Estive embarcado durante treze anos e não pude acompanhar, como gostaria, o crescimento e desenvolvimentos dos meus quatro filhos. Uma pesada tarefa que foi desempenhada com muito esforço e dedicação, quase que exclusivamente pela minha mulher. Fiz todos os cursos de carreira e recebi todas as promoções a ela inerentes, sempre por concurso e por merecimento. O meu conceito médio, ao final da carreira, numa escala de zero a cinco, foi cinco. E jamais sofri qualquer tipo de punição por qualquer tipo de infração aos Regulamentos e Códigos Militares. Fui várias vezes elogiado por meu desempenho profissional, e formei, como instrutor, centenas de outros profissionais, nos doze anos em que atuei no ensino. Paralelamente à carreira militar, consegui estudar e me formar em uma universidade. Não sem muito esforço e perseverança, aos quarenta e dois anos de idade. O que fiz, na minha vida militar ou civil, nada tem de excepcional. É isso o que faz a quase unanimidade dos militares. Fazemos o que aprendemos a fazer e ensinamos o que aprendemos. E esse processo ensino-aprendizagem baseia-se principalmente no exemplo: eu faço, você faz, nós fazemos. Até que você faça igual ou melhor do que eu.
Porque estou dizendo isso? Porque venho aqui fazer este breve retrospecto da minha vida como militar? Porque neste momento eu estou sentindo vergonha do que sou. Não tenho vergonha do que fui. Tenho vergonha do que sou, porque sou um militar que a partir do ultimo dia 10/03, tem como um dos seus comandantes, um cidadão que está indiciado no STF como criminoso, participante da quadrilha do capo Jose Dirceu, nominado pelo então Procurador Geral da República como “Chefe de uma Organização Criminosa”! Estou falando do Sr. José Genoino, que acaba de ser nomeado Assessor Especial (?) do Ministério da Defesa, e que em épocas não muito distantes pegou em armas contra as próprias Forças Armadas, em nome do seu ideal socialista. Isso é o de menos. E a Lei da Anistia, que estes mesmos elementos insistem em rever, já curou esta ferida. Estou falando é do homem José Genoino, que prevaricou como parlamentar e que foi rejeitado nas urnas pelo povo. Estou falando é de um homem ficha suja, que estará em posto de comando de homens a quem é exigida uma vida e comportamento exemplares e ficha limpa.
É preciso que se saiba, que uma simples contravenção disciplinar pode tirar uma promoção de um militar, prejudicando-o na carreira.
Como se sentirá esse homem, sabendo que tem que prestar reverências (guarda em forma) a um cidadão indiciado como criminoso?
Sinceramente, não acredito que não haja um outro nome que pudesse assumir essa função no Ministério da Defesa. Estaremos neste país, tão carentes de homens idôneos? Terá sido por isso que o Sr. João Paulo Cunha, outro indiciado no mesmo processo, tenha sido eleito para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara? Não! Acho que é mesmo uma forma de afrontar a opinião pública e os militares. Isso certamente é ideia gerada na cabeça de alguns setores revanchistas, que permeiam este governo.
Me espanta o silêncio da cúpula militar. É certo que vivemos uma democracia, e que os militares devem ocupar-se exclusivamente das suas funções constitucionais. Mas a uma afronta, tão clara quanto esta, esperava-se algum tipo de manifestação. Não estou falando de uma renuncia coletiva dos srs. comandantes, é querer demais. Mas de uma manifestação, qualquer que fosse, mas que demonstrasse descontentamento.
Esse silêncio é motivo ainda maior da minha vergonha.
Euripedes Barbosa Ribeiro
Suboficial-EL(Ref)
Poeta e Escritor
Membro do Movimento Poetas del Mundo
Membro da Academia de Cultura da Bahia

Opinião dO Cachete:
Cuidado, Sr. Eurípedes! Cartas como estas estimulam o motim. Não acredito em novo Golpe Militar, mas gera insatisfações grandes e gente armada e insatisfeita costuma fazer bobagens. Já estamos acostumados com americanos que piram e acham que são Rambo. Entram em uma escola e matam pessoas. Espero que, apesar da admiração que os militares tem pelos EUA, eles não admitam esta prática no Brasil. O momento é de diálogo. Acabou o tempo em que militares resolviam suas questões na base da pressão, pau de arara e eletrochoque!
Falar de Genuíno é fácil. Não sou fã dele, também! Mas o Sr. deveria ter a ombridade (me lembrei do Capitão Martins que sempre falava essa palavra nas preleções da EEAR - Escola de Especialistas de Aeronáutica - onde fui o aluno 85/827) de falar também sobre as práticas de muitos intendentes dentro das Organizações Militares. Eu conheço uma  OM na qual conseguiram importar um Radar Japonês - FURUNO - sem aprovação de ninguém e sem origem do equipamento. Ele simplesmente apareceu lá! Conheci um Capitão Intendente que construiu um Hotel em uma área de Marinha sem autorização alguma  do órgão responsável, sem falar nas compras de rancho... Ou seja, não há santidade no meio militar ou político. 
A questão é humana, cada um que puxe a brasa para sua sardinha...

5 comentários:

zcarlos disse...

Muito bom seu comentário ao texto do sr. Eurípedes.

Giovani de Morais e Silva disse...

Valeu, Cumpadi! Abraço!

Pé de Chumbo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pé de Chumbo disse...

Giovani, eu, quando menino, sempre surrupiava umas bolinhas de gude de um armazém lá perto de casa, pra brincar com a garotada...

Embora meu grave crime tenha acontecido a mais de 50 anos, acho que o Sr. Euripedes não votaria em mim não...

Giovani de Morais e Silva disse...

O Sr. Eurípedes faz parte do grupo de alguns hipócritas que existem nas Forças Armadas. Aqueles que capinam mato e pintam sarjetas apenas quando o comandante vai visitar a Unidade... Nos outros dias, é aquela zona! Abraço, Pé de Chumbo!

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma."
(Joseph Pulitzer)