Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Recife, A praça enlevada à vila

Ao som dos clarins de momo, a população do Recife tem mais um motivo para celebrar o carnaval.

Há trezentos anos passados o próspero povoado do Recife logrou ser emancipado politicamente da “cidade” de Olinda, onde vivia a chamada “ nobreza da terra”, os descendentes das primeiras famílias da colonização duartina, vinculados à propriedade e à produção açucareira da Capitania.

Governava Pernambuco o fidalgo e militar de boa reputação no reino, Sebastião Castro e Caldas (1707-1710), quando chegou ao Recife, pelas mãos do Bispo D. Manuel Álvares da Costa, a carta régia do rei de Portugal, D. João V, datada de dezenove de novembro de 1709, que ordenava a ereção da vila do Recife, uma demanda antiga dos habitantes da povoação portuária, centro do comércio, onde viviam os mercadores e os “homens de negócio” de amplos cabedais da Capitania.

Em cumprimento às ordens de El Rei, quando eram travadas acirradas disputas entre os interesses dos agricultores mazombos sediados em Olinda, instalados no Senado da Câmara da “cidade”, e os comerciantes emergentes da praça do Recife, oriundos do Reino, o governador resolveu, às escondidas, na noite do dia 15 de fevereiro de 1710, erguer, na praça do Corpo Santo, o pelourinho provisório, símbolo da justiça e da elevação do povoado à condição de vila, o que provocou a reação da ‘nobreza da terra”, desencadeando a chamada “ guerra dos mascates’.

Embora sob oposição dos olindenses, foi instalada a Câmara dos vereadores da nova vila, então denominada São Sebastião do Recife, composta basicamente por mercadores e “homens de negócio” da praça, que não tinham “ qualidade de origem’ e eram portadores de “defeito mecânico’, em razão do trabalho manual da mercancia, considerado vil na escala dos valores da sociedade do Antigo Regime transplantada para o ultramar.

A despeito da ação atabalhoada do governador, que provocou o aprofundamento dos antagonismos, Sebastião Castro e Caldas, com a ajuda dos comerciantes da praça, logrou estabelecer o termo e instalar a primeira Câmara municipal com representação majoritária de mercadores e comerciantes da América portuguesa.

Os primeiros oficiais “eleitos” para a Câmara do Recife foram também os mais abastados e destacados “homens de negócio” enriquecidos na praça, notadamente o intrépido mercador Joaquim de Almeida, defensor da causa recifense e fundador da prestigiosa Ordem Terceira de São Francisco do Recife.

Entretanto, a sublevação pôs-se em marcha. Depois de atentarem contra a vida do governador, os olindenses derrubaram o pelourinho e queimaram o cofre dos pelouros para a eleição da Câmara, tomando os livros e os autos da criação da vila.

Os recifenses organizaram o levante de retomada da vila com o apoio do governador da Paraíba e do Conselho Ultramarino. Com a chegada do governador Félix Machado Mendonça a ordem foi restabelecida na Capitania e confirmada a emancipação do Recife.

Sob a égide dos “homens de negócio’ e dos mercadores emergentes, em oposição histórica à fidalguia açucareira, foi fundada a vila do Recife, um capítulo tricentenário de lutas de sua longa história libertária, que merece ser sempre ser celebrada em todos carnavais.

Maria Eduarda Marques é historiadora e nascida no Recife.
Engolido do Blog do Noblat... Pelo menos alguma coisa presta lá...

3 comentários:

Pé de Chumbo disse...

Giovani, acho que vc quis escrever "elevada", e não "enlevada"...
Pressa na escrita dá nisso, comigo também acontece...
Abração

Carlos, o Pé

Giovani de Morais e Silva disse...

Amigo Carlos, fui atrás do que significa enlevar: Significado de Enlevar:

v.t. Causar enlevo a; extasiar, encantar, cativar, absorver.
V.pr. Extasiar-se.

Foi uma algo extasiante passar à categoria de vila.

Em todo caso, o texto não é meu... foi control+C e control+V... heheheh... Mas valeu a dica! Abraço e bons ventos de cauda!

J. Pinto Durão disse...

Giovani,
Recife cidade linda e povo hospitaleiro, não posso esquecer de Olinda, Pousada dos 4 ventos, fui feliz a beça enroscado com uma linda morena. Obrigado Recife, obrigado Olinda!
Jota

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma."
(Joseph Pulitzer)